A vida é uma cereja. A morte um caroço. O amor uma cerejeira.
20 de novembro de 2008
QUANTOS SEREMOS?
Não sei quantos seremos,
mas que importa?!
Um só que fosse,
e já valia a pena.
Aqui, no mundo,
alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
Não podemos
mudar a hora da chegada
Nem talvez a mais certa
A da partida.
Mas podemos
fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto,
esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
Miguel Torga
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2 comentários:
Sempre em cima do acontecimento, Cerejinha. O poema é lindo e bem actual... infelizmente.
... e no entanto Torga nunca se juntou a nenhum sindicato, partido. Mas faz parte do húmus que nos esclarece com as suas palavras.
Bj
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