A vida é uma cereja. A morte um caroço. O amor uma cerejeira.


28 de fevereiro de 2007


Não há, não,
duas folhas iguais em toda a criação.
Ou nervura a menos, ou célula a mais,
não há, de certeza,duas folhas iguais.

Limbo todas têm,
que é próprio das folhas;
pecíolo algumas;
baínha nem todas.

Umas são fendidas,
crenadas, lobadas,
inteiras, partidas,
singelas, dobradas.

Outras acerosas,
redondas,
agudas,
macias,
viscosas,
fibrosas,
carnudas.

Nas formas presentes,
nos actos distantes,
mesmo semelhantes
são sempre diferentes.

Umas vão e caem no charco cinzento,
e lançam apelos nas ondas que fazem;
outras vão e jazem
sem mais movimento.
Mas outras não jazem,
nem caem,
nem gritam,
apenas volitam
nas dobras do vento.

É dessas que eu sou.
António Gedeão

1 comentário:

Anónimo disse...

Não vir ao teu blog por uns dias deixa-me com muito para pensar . Adorei a poesia!