A vida é uma cereja. A morte um caroço. O amor uma cerejeira.


21 de julho de 2006

Peripécias de férias


As minhas férias começam hoje.
Mas já estão muito atribuladas...
Primeiro foi o Brasil. Ida a 21 Julho (hoje, suspiro) regresso a 6 Agosto. Faliu a Varig...adeus viagem!
Depois as ilhas gregas. Mikonos...Santorini...Creta... tudo preparado para dia 27 de Julho até...ontem! O operador turistico ligou a dizer que sem ser no "pacote" não podiamos viajar... É que os aviões e os ferrys fora do "pacote" estão requisitados para transporte dos foragidos do Libano... e nós não queriamos ir no "pacote"...queriamos fazer as nossas caminhadas pelos parques naturais de Creta...adeus Grécia...
Hoje foram 3 horas na agência de viagens a estudar percursos. Uns por exigirem visto, outros por exigirem passaporte válido por 6 (seis) (seis?!?!?) meses após (após?!?!?) a data do termino da viagem foram logo postos de parte. É que um dos meus filhos tem o passaporte válido SÓ (SÓ?!?!) até Novembro!
Escandinávia...Escócia...Irlanda... tudo o que nos poderia interessar está com aviões supercheios!
Bem...supercheios não...mediante o pagamento de uma taxa de aeroporto de 500€ (QUINHENTOS EUROS?!?!) poderiam, eventualmente, arranjar-nos lugares...

Há muito tempo que não ouço uma frase que me apetece agora dizer, não por terem deixado de existir motivos mas porque o seu autor já não os pode comentar:

E esta hem?!?!

15 de julho de 2006

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.


Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.

Eugénio de Andrade


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